Este pode ser um nome super estranho para ti, mas provavelmente já o ouviste em diferentes contextos. Estou aqui para te explicar o que é e contar-te a minha experiência incrível a fazer o percurso da Enseada da Mula!

Vamos a isto?

Eu já fiz coasteering duas vezes, infelizmente não posso fazer tantas quanto gostava por já ter furado o mesmo tímpano duas vezes, a última na minha última experiência, que culminou numa operação de reconstrução super chata que deixa algumas sequelas.

O que é afinal o coasteering?

O coasteering vem da palavra coast, que significa costa, e é uma atividade física que consiste em realizar progressão sempre junto à costa. Durante este processo fazemos saltos para a água, rappel, um bocadinho de escalada, podemos ter pequenos trechos de slide, e também natação.

Iniciamos num ponto, e terminamos noutro, sendo que o percurso é quase sempre linear. A volta é normalmente feita numa embarcação auxiliar.

Quem pode praticar coasteering?

Qualquer pessoa que tenha interesse, mas é importante que saiba nadar. Usamos sempre fato de neopreno, que ajuda ligeiramente na flutuação, e colete, mas é super importante que estejamos à vontade no meio aquático, pois há pequenos momentos em que temos que nadar para alcançar o ponto seguinte, e em alguns deles contra a corrente.

É ainda importante que tenhamos alguma condição física, pois há passos que exigem alguma força de braços e pernas.

Preciso de saber manobras de cordas?

Não. Se nunca o fizeste ou não tens formação nesta área, nunca o deves fazer sozinho, deves por isso contratar uma empresa certificada na área e com monitores com conhecimento.

No início da atividade é feito um briefing. É muito importante estares com atenção porque a tua segurança depende em partes de ti mesmo.

Pode ser feito em qualquer local?

Recomendo que seja feito sempre com empresas de animação turística, por isso elas já têm um conjunto de locais para te oferecer uma experiência fenomenal.

Como foram as minhas experiências?

A primeira vez que realizei coasteering foi com o meu mestrado. Nós tínhamos no primeiro ano uma componente teórico-prática em que colocávamos em prática conhecimentos que tínhamos aprendido em algumas cadeiras, após realizar milhões de trabalhos sobre isso.

Da primeira vez, o percurso que eu fiz começou na Azóia (Sesimbra), e o material, à excepção do fato que é meu, e do calçado, foi fornecido pela faculdade. Foi verdadeiramente espectacular. Terminámos numa praia paradisíaca com acesso pedonal muito difícil, e repetia essa experiência milhões de vezes se pudesse, desde que não tivesse que saltar mais para a água, vão perceber porquê mais à frente.

A segunda fez, contratei uma empresa de animação turística que tem sede no porto de sesimbra, chamada Vertente Natural. Foi num contexto de aniversário, o meu 26º aniversário. Eu adoro estas experiências, e após terminar o mestrado em 2017, deixei de fazer muita coisa, e gostava muito de re-colocar em prática conhecimentos. Este género de experiências desafia-me a fugir a minha zona de conforto, e a sentir aquela sensação de felicidade extrema que sentia nas aulas práticas, juntei por isso um grupo de amigos e lá fomos.

O segundo percurso que fizemos foi no percurso da Enseada da Mula, com início muito perto da sede da empresa, e é essa a experiência que vou relatar-te hoje.

Descrição da experiência

A experiência iniciou-se com as boas vindas por parte do staff e pré pagamento da atividade. Seguiu-se a distribuição de material, e vestir. Para esta atividade a empresa fornece-te:

• Fato de neopreno (eu usei o meu);
• Capacete;
• Colete salva-vidas;
• Arnez;
• Longe, com dois mosquestões e oito;
• Uma mochila ou bidon estanque que irá no barco de apoio, com coisas essenciais género bomba de asma ou algo que precises mesmo de ter por perto em caso de emergência.

Como material pessoal deves levar:

• Fato de banho debaixo do fato;
• Luvas velhas para não cortares as mãos nas rochas;
• Calçado confortável, com sola anti derrapante, recomendo que seja velhote;
• Uma action cam, vais mesmo querer registar isto!

Após a distribuição do material, é feito um briefing, que te ensina as regras de segurança básicas, a colocação e ancoragem à rocha quando necessário.

Segue-se uma caminhada até ao ponto de partida onde vamos iniciar o percurso.

Inicíamos com um salto para a água, e eu estava EM PÂNICO. Eu furei o tímpano direito quando tinha 14 anos, numa piscina, num salto de míseros 3 metros. Foi uma recuperação mais ou menos rápida (pois era muito nova) mas que deixou algumas sequelas, e o salto era alto (para mim), porque a maré estava baixa. Com todo o medo e mais algum, levaram-me para uma rocha mais baixa para eu entrar na água e assim que embati senti uma dor super esquesita.

Eu ainda não sabia, mas 2 semanas depois decobri que tinha furado o tímpano, pela segunda vez. Não avisei ninguém porque a dor não foi nem de perto nem de longe a da primeira vez, em que eu praticamente desmaiei debaixo de água, e não havia sangue. Se sentires algum desconforto deves dizer IMEDIATAMENTE ao staff que está contigo ok? Até por questões de ativação de seguro, que no meu caso acabou por não ser possível porque passaram duas semanas, por não haver médicos otorrinos a trabalhar em Julho, por isso paguei do meu bolso uma operação urgente no privado.

De ressalvar que não vais furar o tímpano se saltares ok? Esta é uma atividade segura. Eu tenho um historial de otites muito intensas , anuais, durante mais de 15 anos seguidos, um tímpano furado aos 14 anos, por isso o problema não foi a atividade, mas sim a fraqueza da minha membrana de tímpano aliado ao facto de eu tapar o nariz quando mergulho (não façam isso NUNCA). Confia no staff que está contigo, eles são qualificados para o efeito.

Bem… após este acontecimento (que eu não sabia que tinha de facto acontecido), seguiu-se a experiência toda, e foi BRUTAL. Eu tinha imenso medo dos saltos para a água, mas o resto das pessoas estavam a amar os saltos.

Depois seguiu-se o rappel, e eu estava na minha praia por mim eram vias de rappel costa fora, *risos* , mas sei que não é possível, porque montar uma via demora tempo.

Seguiram-se algums momentos de progressão em rocha mais complicados e apertaditos, mas conseguimos concluir tudo em equipa.

Tivemos direito a um mini rappel para chegar de uma rocha alta a outra.

Continuámos o nosso percurso até que terminámos na praia super conhecida e paradisíaca de Sesimbra, a Praia da Ribeira do Cavalo.

Quando chegámos à praia descansámos um pouco, porque é preciso nadar na parte final contra a corrente. Temos já na praia a embarcação de apoio que nos seguiu toda a viagem, a aguardar por nós, para nos levar de volta ao ponto de partida para tirarmos o material, lavarmos, ser higienizado, e tomarmos um duche.

A minha opinião no geral sobre a atividade levada a cabo pela Vertente Natural

Eu confio na empresa, caso contrário nunca faria uma atividade deste género com amigos. Já a conhecia porque eu trabalho como freelancer na área da animação turística, e já tínhamos trabalhado em parceria, com uma empresa para qual trabalho. Já tinha realizado no ano anterior, kayak sit on top , também no meu aniversário com a Vertente Natural.

No geral gostei da experiência, pois adoro coasteering, só achei que o grupo era um pouco grande, e atrasámo-nos em alguns trechos, por exemplo no meu medo do salto do início, não dava tempo para montar uma via de rappel. A simpatia de alguns guias não foi a melhor em algumas partes, talvez por estarem nervosos com o tempo apertado que tínhamos, mas a nível de segurança, senti-me sempre segura.

Em relação ao acidente, a seguradora com quem eles trabalham não assumiu o acidente, dizendo até que tinha sido propositado… mas sei que de certa forma não foi responsabilidade deles e não os culpo.

Se quiserem saber mais sobre esta empresa e os serviços que oferecem, cliquem AQUI, divirtam-se 😀 sempre em segurança, confia neles, são qualificados ;).

Obrigada por teres lindo este post!