Elephant Nature Park – Chiang Mai – Tailândia

Elephant Nature Park – Chiang Mai – Tailândia

Vivi a 21 de Maio de 2017 a experiência mais intensa e emocionante da minha vida.

Visitei a Tailândia durante 16 dias em Maio de 2017, num circuito que criei e incluía Bangkok, Sukhotai, Chiang Mai, Krabi e Kho Phi Phi, não foi (de longe) a viagem que mais gostei de fazer na vida, até pelo contrário na realidade, foi uma desilusão, contudo este momento superou todas as expetativas que eu tinha.

Pesquisei imensos parques antes de fazer a escolha. A Tailândia tem imensos parques que dizem ser santuários de vida selvagem, mas que não são, são falsos. Torna-se difícil analisar à distância o que é um embuste para turistas do que é real. Pesquisei durante vários dias e encontrei o Elephant Nature Park.

Quando começaram os elefantes a ser “domesticados” na Tailândia?

A história do uso dos elefantes como meio de transporte de turistas, remonta para os anos 80, altura em que o desmatamento de áreas florestais foi proibido. Os elefantes eram usados nesta altura para transporte de troncos para a indústria madeireira. Com esta proibição, o povo teve que encontrar uma forma de os rentabilizar, numa altura que a Tailândia foi inundada por turistas pela sua beleza, nasceu assim a ideia do uso de elefantes para transporte de turistas e entretenimento

Sobre o Elephant National Park em Chiang Mai

O Elephant Nature Park nasceu em meados de 1990 e funciona um pouco como uma reserva. Começou com um projeto de uma senhora que se recusou a ver os animais passarem por esta tortura e criou projetos para angariação de fundos, para comprar os elefantes aos seus domadores. O problema começou quando os domadores vendiam um animal e com o dinheiro desse, compravam outro. Tornou-se um ciclo. Foi aí que começou o projeto do ENP que consiste em mostrar às familias que exploram estes animais , que eles são mais felizes e rentáveis se estiverem em liberdade e se contribuirem para programas de sensibilização animal.

À data (2017) existiam 8 campos base liderados por pessoas que já foram domadoras, mas que mudaram de mentalidade. No ENP vivem mais de 800 elefantes, que foram resgatados do turismo, de circo e casas particulares.

Para além dos elefantes o ENP resgata ainda cães, gatos e búfalos do abandono e de catástrofres naturais.

O ENP tem este projeto, mas aceitam também voluntários que queiram ajudar na manutenção do espaço e tratamento dos animais, podem ler sobre isso AQUI.

A minha experiência no ENP

O campo base que escolhi visitar chama-se Pamper a Pachyderm, numa experiência Sadlfe off, a descrição do programa pode ser lida AQUI.

Relativamente à minha experiência no ENP, eu sabia que seria especial, só nao sabia que seria tão inesquecível.
A elefanta que vêm na fotografia abaixo é a Mae Dang.

ENP – Maio de 2017

A Mae Dang vive com mais duas elefantes que também me acompanharam naquele dia, a Boonpeng e a Jundee. Foram resgatadas de trabalho escravo para turistas e do circo.

Mae Dand, Bunpen, e Jundee – Maio de 2017

Fazer parte destes projetos nao é barato, sobretudo em comparação a tudo o que existe na Tailândia, como alimentação (eu comia por 0,40€ por refeição) e alojamento (20€/Dia). Paguei na altura 6000 THB . O preço ainda se mantém, e isso equivale a 172€ aproximadamente. Contudo é uma experiência imperdível que eu repetiria sem pensar duas vezes.

Existem experiências de diferentes tipos, de meio dia, de dia inteiro, com pernoita, e as saddle off.

As experiências saddle off, a minha escolha, são experiências mais intimistas (e mais caras), com menos pessoas, de forma a ser mais especial para quem vai visitar o campo base, e para não stressar tanto os animais. Não nos podemos esquecer que são animais que já viveram abusos, e que têm por isso marcas físicas e psicológicas. No dia da minha visita éramos apenas três pessoas e três elefantes fêmeas.

No dia em que estive no ENP o meu pacote incluía:

  • Transfer de cerca de 1hora do centro de Chiang Mai (à porta do meu hotel) até à montanha, sítio onde está o ENP;
  • Transfer com mudança de veículo para um veículo mais adequado ao terreno;
  • Um trekking na montanha com os elefantes com uma saca com alimentação para lhes dar durante o trekking;
  • Um suporte do ENP para uma garrafa de água para nós (em tecido);
  • Almoço vegetarino fenomenal;
  • Momento de preparação de bolinhas doces para elas, e respetiva alimentação;
  • Banho no rio (nosso e delas), caso fosse esse o seu desejo;
  • Uma experiência de rafting até ao campo base do ENP;
  • Visita breve ao campo principal do ENP com tour.
Momento do banho dentro do rio, Maio de 2017

Se em algum momento uma das três elefantas não quisesse estar ali, ela era livre para ir. Aconteceu com uma delas que não quis entrar na água no início, e entrou ao ritmo dela. Óbvio que sei que elas estavam ali pela comida, mas não eram maus tratos.

Valeu por cada cêntimo gasto.
Tive um acidente durante o rafting. Caí à água a meio de um rápido devido à falta de habilidade no inglês do senhor que foi no barco connosco para nos dizer quando remar e parar. Engoli imensa água e bati com a cabeça várias vezes nas rochas, ainda que estivesse a usar capacete. O que parecia ter sido um traumatismo cranioencefálico, não passou de um valente susto.

Há campos em que interagem com os elefantes a andar ao lado deles, há outros onde podem apenas observar o banho de lama, mas não podem participar. Há opções para todos os gostos e bolsos.

Podem saber tudo sobre as localizações, programas e preços AQUI.

O dinheiro permite que mais elefantes sejam salvos e que sejam criados mais campos para que um dia os elefantes possam parar de ser reabilitados, porque não existe mais escravatura animal.

Jundee, Maio de 2017

Porque NÃO devemos andar nas costas de um elefante ou ver espectáculos com os mesmos?

Na Tailândia existe muita oferta de experiências com animais, sobretudo com elefantes e com tigres. Na Tailândia há leis que protegem os cães e os gatos mas não há qualquer lei que proteja os elefantes e os tigres.


Os elefantes têm uma grande sensibilidade na pele, para além de uma capacidade de memorizar coisas inimagináveis, são seres hiper sensiveis. Os olhos deles dizem tudo.

Na Tailândia, os elefantes são maioritariamente usados para a venda de pacotes turísticos que oferecem experiências de contacto total com estes animais, que incluem andar em cima do dorso dos mesmos em trekkings por jardins ou zonas montanhosas, diretamente ou com uma cadeira.

Existem ainda locais onde os elefantes pintam e jogam futebol.

O que muita gente nao sabe (ou nao quer saber) é a verdade por detrás de tudo isso. Desde que comecei a escrever a minha tese de mestrado (terminada no fim de 2017) que investiguei muitos falsos santuários de vida selvagem. E acreditem, há muitos, demasiados.

Os animais são recolhidos na natureza ainda crias. Segue-se o momento do ritual Phajaan , que significa “quebrar o espírito”. São acorrentados pelas patas, tromba, orelhas e cauda e ficam assim durante dias, sem água, sem comida e por vezes sem dormir. Durante este tempo são obrigados a sentar, levantar a pata e a fazer truques.

Quebra do “espírito animal” – Imagem da autoria da página ANDA

Se não obedecerem são magoados com uma espécie de picareta atrás das orelhas ou na cabeça. Esta tortura dura dias, até que o elefante perca completamente toda a memória da sua familia, da sua mãe, e dos seus instintos naturais.

Instrumento usado para controlar os elefantes, tanto no momento da quebra do espírito, como nos passeios com turistas nas costas. Fonte da fotografia: proteção animal mundial

Esta mesma picareta é também usada nos passeios com turistas, para que o elefante se mantenha “na linha”.

A partir daí sao obrigados a fazer coisas “engraçadinhas” para os turistas verem.

Os elefantes têm uma coluna muito sensível, mais frágil do que por exemplo um cavalo. Imaginemos agora uma cadeira de 100 kg, dois turistas e um domador com uma picareta….

Recusei-me desde sempre a compactuar com esta barbaridade. À medida que fui conhecendo mais os animais, a sua anatomia, comportamento e origem, comecei a entender que a verdade nem sempre é aquela que é passada.

Os tigres que vivem no Tiger kingdom nao são felizes, os leões que vivem num “santuário” na Indonésia também não. São drogados todos os dias. Os elefantes dos falsos santuários, nao são livres.

No video abaixo vemos um “santuário” de leões na Indonésia, o leão está mais do que drogado. Vemos durante todo o vídeo o “responsável” a endireitar-lhe a cabeça, com o animal ensonado e a partir dos 37 segundos, a cabeça dele a cair de sono.

A verdadeira conclusão deste post

Seria hipócrita se dissesse que nunca tive uma atividade de contato direto com animais, que de alguma forma os explora erradamente. Quando era mais nova era apaixonada por golfinhos, mas apaixonada ao ponto de com 9 anos ler livros sobre zootécnia e anatomia de cetáceos. Tinha o quarto coberto de posters de golfinhos e sabia identificar mais de 20 ossos de cor.

Coincidiu também com a altura em que a TVI lançou uma novela que contava a história de uma tratadora e treinadora de golfinhos (que foi a profissão que referi querer ter desde os 4 anos de idade) chamada “Saber Amar”. No dia do meu aniversário dos 10 anos os meus pais presentearam-me com uma experiência com golfinhos. Fomos até ao Zoomarine, fazer a experiência da Dolphin’s Emotion.

Verão de 2003

A experiência inicia-se com um vídeo explicativo sobre os golfinhos, anatomia, alimentação e nascimento, depois vamos para a piscina, onde somos agrupados e é apresentado o golfinho que ficará com o grupo. Durante a experiência damos ordens para eles fazerem truques, damos beijinhos, festinhas e nadamos com eles. É ainda feito um vídeo e tiradas fotos que são cobradas à parte.

Se adorei isto quanto tinha 10 anos? AMEI! Lembro-me de ter chorado imenso de felicidade. Se hoje com 27 anos o voltaria a fazer? Não!

O importante nisto tudo é a informação, procurarmos respostas, informação credível e mudar a mentalidade. Por maior que tenha sido o erro de ter nadado com golfinhos naquele dia há 17 anos atrás, hoje sei que não é correto (ainda que na altura não existisse muita informação sobre isso), e não o tornarei a fazer.

Todos nós já fizemos algo na vida que viemos a concluir mais tarde que não era o mais correto.

Andar nas costas de um elefante é uma tradição tailandesa que remonta há dezenas de anos atrás, mas as tradições também se deviam actualizar. Como outras coisas no mundo terminaram, a domesticação de elefantes também devia terminar.

Agora que têm a informação, irão à Tailândia sentar-se num dorso de um elefante e passear :)? Espero que a resposta seja negativa.

O mesmo se refere a nadar com raias, tirar fotos com estrelas do mar ou macacos.

Obrigada por estarem desse lado e por lerem.

A processar…
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