De Marraquexe, ao Atlas, passando uma noite no deserto do Saara – Marrocos

De Marraquexe, ao Atlas, passando uma noite no deserto do Saara – Marrocos

Ir até ao deserto do Saara, e passar lá uma noite numa tenda de luxo, foi para mim o ponto alto da minha viagem a Marrocos em 2017.

Nesta viagem contei com a companhia da minha mãe e irmão, e de uma família amiga, um casal e um filho um ano mais novo que eu.

Passámos por 5 cidades em Marrocos, e usámos o carro para nos deslocarmos, à excepção do caminho pelo Atlas, chegada ao deserto e retorno. Para este passeio contámos com uma agência de viagens, de um grupo de irmãos portugueses, o João e a Rita Leitão, e a sua agência marrocos.com .

A tour escolhida foi a 4 dias – roteiro Saara express, e esta inclui a passagem por vários pontos de interesse natural e histórico.

Irei apresentar a tour abaixo como foi realizada, no entanto apresento também o roteiro. Se por ventura não pretenderem fazer por agência, e quiserem fazer por vocês, têm aqui o roteiro completo para tornar a experiência inesquecível, e fazerem apenas a marcação da noite no deserto em Merzouga.

Quanto custa esta tour?

O preço varia consoante o número de pessoas, sendo que o máximo de pessoas é 6. Uma vez que era essa a dimensão do nosso grupo, pagámos 250€ por pessoa. Podem ver os preços consoante o número de pessoas AQUI.

O que inclui a tour?

  • Transporte, no nosso caso foi uma carrinha de 9 lugares.;
  • Combustível;
  • Motorista / guia;
  • Todos os hotéis (com meia pensão);
  • Passeio de camelo no deserto;
  • Acampamento no deserto (com meia pensão).

O que não está incluído?

  • Bilhete de avião;
  • Alojamentos fora da rota;
  • Gratificações;
  • Bebidas;
  • Despesas pessoais e souvernirs;
  • Taxas de entrada nos museus e monumentos;
  • Seguro de viagem;
  • Almoços.

O que é obrigatório ter para fazer esta tour?

Recomendo para o seguro de viagem, a IATI seguros. Como parceira, ofereço-te 5% de desconto direto para compras em qualquer seguro da marca, basta para isso que o adquiras pelo meu link acima (marcado a azul), ou que simules sem qualquer compromisso na caixa abaixo.

Os seguros comprados diretamente ao site não têm este desconto, é exclusivo de parceria com a Boo Traveller

Preparação: O que vestir para usar no deserto

  • Não usar calças muito justas ou com fraca elasticidade a andar de camelo, recomendo calças género pantalones;
  • Não usar calções para andar de camelo (não foi uma experiência minha, mas quem usou arrependeu-se);
  • Usar uma camisola ou túnica não muito comprida mas bem larga e fresca de manga comprida ao invés de uma tshirt;
  • Não esquecer os óculos de sol, sobretudo quando sopra o vento é muito desconfortável a movimentação da areia. O turbante ajuda com a boca e nariz mas não com os olhos;
  • Um turbante, podem comprar em Merzouga, há imensas lojas com uma infinidade de cores para escolher. Eles ensinarão também como se coloca (se fizerem a tour da marrocos.com, eles levam-vos lá);
  • Uma mochila pequena. Não irão mudar de casa, só precisam de uma muda de roupa, artigos pequenos de higiene, equipamento fotográfico e uma toalha.

Qual é o itinerário da tour?

  • Dia 1: Marrakech – Telouet – Ait Benhaddou – Ouarzazate
  • Dia 2: Ouarzazate – Vale do Draa – Alnif – Dunas de Erg Chebbi
  • Dia 3: Erg Chebbi – Gargantas do Todra – Vale das Rosas – Ouarzazate
  • Dia 4: Ouarzazate – Oásis de Fint – Marrakech

Dia 1 – Marrakech- Telouet – Ait Benhaddou – Ourzazate

Partimos pela manhã em direcção ao Alto Atlas. Pelo caminho parámos em Tizi n’Tichka, que fica a 2260 metros de altitude.

Estrada em Telouet

Passámos ainda pela Kasbah de Télouet e pela antiga rota de caravanas, onde visitámos o Ksar de Ait Benhaddou no vale de Ounila, cenário de séries épicas como Game of Thrones.

A atravessar a ponte que dá acesso ao Ksar de Ait Benhadou

O Ksar na série (Game of Thrones) era representado como a cidade Yunkai.

Num dos muros do Ksar de Ait Benhadou

Passámos a noite no Dar Rita em Ouarzazate.

Dia 2: Ouarzazate – Agdz- Vale do Draa – Nkob- Tazzarine – Alnif – Rissani – Merzouga

Após acordar tomámos o pequeno almoço no Dar Rita, o Riad que a Rita Leitão possui, e seguimos para Agdz, onde vimos um imenso palmeiral.

Seguimos caminho e parámos no Anti Atlas (entre Ouarzazate e Agdz).

Anti Atlas

Almoçámos num restaurante literalmente no meio do nada, que deve ter sido certamente o sítio escolhido para aqueles vídeos em que vemos aquelas bolinhas de “palha” a voar. A estrada até lá é lindissíma, porque tem o contraste de uma estrada de alcatrão, rodeada em todas as direções de areia do deserto e que não se vê “vivalma” . Almoçámos no restaurante e albergue Kasbah Meteorite, que possui piscina que podem utilizar.

Estrada junto ao estacionamento do restaurante em Alnif, Kasbah meteorite

Seguiram-se as paragens em Rissani e por fim Merzouga, onde fomos a uma loja típica comprar turbantes para usarmos no deserto e a ainda aprender algumas curiosidades sobre a história dos Berberes com um senhor com um conhecimento fora de série.

Após estarmos prontos, seguimos para o deserto, onde fizemos check in no hotel que gere o acampamento, e de seguida levaram-nos num jipe de caixa aberta até a zona onde os camelos nos esperavam.

Caminho até ao acampamento

O caminho até ao acampamento foi feito em cáfila, cada um no seu camelo com uma pequena mochila apenas com tudo o que era indispensável para uma noite.

Lembro-me de antes de fazer este passeio ter contactado 3 biólogos que conheço sobre a questão do uso dos camelos para transporte. Era algo que me inquietava imenso , e eu sei que para uma grande percentagem das pessoas, esta questão possa ser ridícula, mas para mim fazia diferença. A informação que me deram na altura foi que isso não traria “grande mal” para os animais, mas o que pesaria mesmo na balança, era a forma como os tratavam, e isso eu só podia ver no terreno.

O caminho iniciou-se e o principal aspecto que destacaria era a argola no nariz, que deve ser algo super penoso, uma vez que eles vão durante todo o caminho presos uns aos outros, se um de trás parar, é puxado pelo nariz pelos restantes…Se fosse hoje não repetiria a experiência, mas adiante….

O planeado era chegarmos ao acampamento ao pôr do sol, mas houve alguns atrasos e chegámos lá já era de noite.

O “Areias” como simpáticamente lhe chamei, e eu ,em junção rápida de fotos

Fomos recebidos pelos senhores que lá trabalham, que nos mostraram as nossas acomodações, ofereceram chá, e disseram-nos a hora do jantar.

As tendas são GIGANTES, quando eu digo gigantes é mesmo GIGANTES. No interior têm carpetes gigantescas, para não colocarmos os pés na areia, camas como se fosse em casa, e até sanita e base de duche! Todas as acomodações dignas de uma rainha. O único pormenor é o calor, devido aos densos mantos que compõem a tenda, fica muito quente no interior. Tão quente que o casal de chineses que estava connosco puxou os colchões para a rua e dormiu ao relento.

Quando chegou a hora do jantar tínhamos um banquete à nossa espera com música ao vivo. Cantaram e tocaram por cerca de uma hora e convidaram-nos também a tocar.

Ao fim da noite eu estava mesmo muito cansada, e queria acordar de madrugada para subir à duna mais alta e ver o nascer do sol, por isso fui deitar-me.

Dia 3: Merzouga – Gargantas do Todra – Boulmane – Kelaat M’gouna – Skoura – Ouarzazate

Às 4h45 da manhã, estava de pé com o meu irmão e um amigo, e começámos a subir de lanternas de dínamo em punho. Eu subi bastante até que não aguentei mais. Eu sofro de anemia (desde sempre) e acabei por ficar a 2/3 do caminho sozinha e eles subiram mais. Fiquei ali sentada sozinha na escuridão, até que o sol me presenteasse com um sol à “rei leão”, sabem? Aquele grandalhão que se vê nos filmes *risos*.

Na fotografia acima não parece alto mas era mesmo MUITO alto, aqueles quadrados lá em baixo maiorzitos eram as tendas.

O sol começou a nascer, não como aquele que se espera no rei leão, mas acho que é aquele tipo de experiência que não podemos perder uma vez na vida.

Foi quando percebi que se rebolasse para trás ou para a frente por acidente a queda não ia ser simpática porque eu estava mesmo no culminar da duna e podia haver ali amiguitas cobritas ou pior, e eu ali sozinha…

O sol começou a rasgar no horizonte e a subir pelas dunas. O laranja da areia começou a intensificar-se, e nos minutos que se seguiram eu fiquei só ali sentada a apreciar o momento.

Minuto a minuto o sol intensificava-se e no horizonte.

Naqueles segundos não conseguimos pensar em mais nada… só sentir uma enorme gratidão.

Após o espectáculo acabar, segue-se a descida duna abaixo. A fome já apertava bastante e quando chegámos ao acampamento, esperavam-nos com uma mesa com fruta e comida fresca. Tomámos o pequeno almoço e era tempo de fazer o caminho de volta.

O caminho de volta foi um bocadinho infernal porque o meu camelo não estava com grande vontade de cooperar, e estive por um triz de ir a andar ao lado dele, ainda que fosse impossível andar ali… não sei mesmo como é que eles andam ali , muitas vezes descalços, quase a pairar na areia, mas fazem-no.

Quando chegámos ao hotel onde tínhamos feito o check in na noite anterior, tínhamos o nosso motorista com a carrinha à nossa espera para nos fazermos à estrada.

A primeira paragem do dia foi na Garganta do Todra. Um desfiladeiro de rocha altissíma em ambos os lados com água, que fazia as delícias dos marroquinos de todas as idades, um pouco como se fosse a praia de lá.

Garganta do Todra

Seguimos em direcção a Boulemane e ao Vale das Rosas, onde fizemos pequenas pausas em cafés e lojinhas de tinham souvernires de todo o tipo.

Percorremos depois a rota das 1000 kasbahs.

Chegámos ao fim da tarde a Ouarzazate, novamente ao Riad Dar Rita, onde jantámos e dormimos como bebés.

Dia 4: Ouarzazate – Kasbah Taourirt – Oásis de Fint – Kasbah Tifoultoute – Estúdio de Cinema – Marraquexe

Amanheceu cedo, e uma rapidissíma visita a dois Kasbah se seguiram. Terminámos a manhã no estúdio de cinema Atlas.

Confesso que ia com uma expetativa pequenina em relação a isto mas mudei de opinião super rápido. Num “curto” espaço vi cenários de filmes que todos conhecemos, como os “Indigenas”, o “Gladiador”, “A Múmia”, “Alexandre o Grande”, “Babel”, “A Jóia do Nilo”

Pedra falsa em gesso
Cenário usado no filme “A Múmia”

Eu nunca tinha visitado um estúdio de cinema, por isso fiquei mesmo impressionada, mas acredito que quem já tenha ido a locais como Hollywood, secalhar esta visita já não vale a pena. Eu pessoalmente adorei, achei piada a imaginar os filmes a serem filmados ali, apesar do estado de degradação de muitos dos cenários.

Após esta visita seguimos numa longa viagem de dia inteiro até Marrakech, para onde regressámos e passámos a noite.

A minha breve opinião sobre a experiência em resumo

Esta experiência fez para mim a diferença na viagem a Marrocos. Foi uma viagem que na generalidade, ficou aquém das minhas expectativa, e refiro-me a Marrocos no geral, não ao tour até ao deserto (eu estive em Marraquexe, Casablanca, Fez e Chefchauen)

Adorei a experiência de atravessar o Atlas, apesar das curvas e contra-curvas que me fazem enjoar com muita facilidade, eu tenho “ADN de montanha” e aquilo é impressionante.

Adorei a experiência diferente de dormir no deserto, e gostei ainda mais de me sentar no alto de uma duna no meio daquela areia laranja avermelhada.

Gostei imenso da experiência em si e super recomendo a quem não tenha muitos dias em Marrocos mas que não quer perder esta experiência, sobretudo porque não temos que nos preocupar com nada, está tudo já previamente delineado e pago, só temos que pagar os almoços, que rondam todos os mesmos valores e que são em locais já pré programados também.

Como marcar uma tour igual ou outra no país?

Falem com a Rita Leitão, ela é Portuguesa e vive em Ourzarzate há vários anos. Ela sabe tudo aquilo que não podem perder por lá, e é ela quem responde a todas as informações no site da Marrocos.com.

Se já fizeram um tour com a Rita deixem nos comentários a vossa experiência!

A processar…
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