O segredo mais bem guardado da margem do Tejo – As Salinas do Samouco
Este é um local fantástico que fica a pouco mais de 40 minutos de Lisboa. Este não é um post patrocinado, mas depois de as visitar duas vezes senti que tinha que as dar a conhecer. Magia é a palavra que melhor caracteriza as Salinas do Samouco, e porquê? Vamos a um guia completo?
Como chegar às salinas do Samouco?
Se residir ou vier de Lisboa, poderá usar o barco ou ferry da Transtejo e/ou Softlusa, poderá ver informação sobre tarifas e horários AQUI.
Se residir no Barreiro, Montijo ou Lisboa, poderá usar o autocarro (TST), poderá ver horários e tarifas AQUI.
Se tiver veículo próprio, esta é a forma mais confortável, e sem necessidade de transbordos. As coordenadas de GPS para chegar são: 38°44’39.41″N; 8°58’50.80″O.
Onde ficar para visitar?
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Qual a melhor altura do ano para visitar?
As salinas do Samouco estão abertas todo o ano, nos seguintes horários:
Inverno (Outubro a Fevereiro) – Todos os dias das 8h00 às 17h00 .
Verão (Março a Setembro)- 2ª a 6ª feira das 8h00 às 17h00 e Fins de semana das 10h00 às 19h00.
Encerradas ao fim de semana nos meses de Agosto e Dezembro.
Durante o Inverno o foco será o percurso pedestre e os grandes grupos de aves que encontram neste local um lar. Durante o Verão, é quando o processo de cristalização do sal ocorre, e poderá observar as salinas cor de rosa.
Sempre que existirem visitas guiadas no período da manhã (ao fim de semana), o acesso ao complexo fica interdito entre as 9h15 e as 12h00 de Outubro a Fevereiro e das 10h15 às 13h00 de Março a Setembro. É importante entrar em contacto para verificar se existe esta situação para o seguinte número 212348070 ou 927984440.
Quanto custa?
O preço dos bilhetes diferem consoante a situação que optar, podendo escolher entre visita com ou sem guia.
Em visitas sem guia os valores são os seguintes: Adulto 4€; Jovens (6 aos 17 anos) 3€; Seniores (mais de 64 anos) 2,5€
Em visitas com guia o valor é de 5€ a partir dos 6 anos. Menos de 6 anos não pagam.
Não existe multibanco nas salinas, por isso leve o valor em dinheiro.
Conselhos e normas de conduta
Recomendo que as deslocações sejam feitas em silêncio e da forma mais calma possível. Os animais são extremamente assustadiços e começam a afastar-se quando estamos a bastantes metros de distância, ainda que tenhamos os maiores cuidados.
Poderá utilizar as estruturas de madeira com grandes janelas para fazer a observação de aves sem que estas se apercebam da sua presença.
É recomendado que use roupa discreta para não afastar os animais. Imperativo que use chapéu e protetor solar no verão pois não existe qualquer sombra durante o percurso. No inverno recomendo um impermeável.
No Verão deverá levar consigo também repelente, uma vez que existem muitas zonas de águas paradas durante o percurso, o que é propício para a existência de insectos.
Em ambas as estações deverá usar calçado confortável, eu uso sempre as minhas botas de caminhada, mas não precisa de umas para o fazer, uns ténis são suficientes. O terreno tem diferentes tipos de solo, entre solo duro, algumas plantas rentes e zona de areia género de praia.
Leve água consigo e um snack. Não existe na zona das salinas uma loja onde possa fazer a compra de água e snacks.
Se fizer lixo, leve-o consigo para casa. Durante o percurso não existem caixotes do lixo. Lixo nos trilhos poderá ter um impacto nefasto para os animais uma vez que podem tentar alimentar-se dele e ficar gravemente doentes ou morrer.
De momento o aluguer de bicicletas está suspenso, mas se visitar as salinas numa altura em que seja permitido, repeite a velocidade reduzida.
É proibido, capturar (pescar ou caçar) ou afugentar qualquer tipo de animal seja por som ou por arremesso de objectos, assim como colher ou danificar vegetação. É ainda proibido sair do percurso assinalado e entrar diretamente nas salinas.
É igualmente proibido abrir comportas de madeira de transporte de água, danificar estruturas e equipamento de aluguer.
Animais de estimação com ou sem trela não são permitidos em todo o complexo.
Percursos existentes
Existem 3 percursos pedestres marcados nas salinas, identificados com as colorações, amarela, azul e verde.
O percurso amarelo é um percurso desenhado para pessoas com mobilidade reduzida. Tem 2 km de extensão.
O percurso azul, é o trilho do flamingo, e é o trilho que passa para a zona das salinas em atividade (são cor de rosa na primavera e verão). Tem 4,7 km de extensão.
O percurso verde, é o trilho do pernilongo, e é um percurso que passa pela generalidade do complexo. Não passa pela zona das salinas cor de rosa, mas ao chegar à estação de aninhagem (letra E no mapa abaixo) ou ao ponto D, vire à sua direita e veja as salinas de perto. Este percurso (sem o desvio até às salinas, tem 6km de extensão, se fizer o desvio, são aproximadamente 7,300km.
Gostava de aprender mais sobre as salinas?
Poderá fazer o percurso do Flamingo (4,7km de extensão e configuração circular) com guia. As visitas acontecem todos os Sábados e Domingos.
Existe um número mínimo para que estas acontençam, de 10 participantes.
As inscrições deverão ser feitas até às 17h00 da sexta feira anterior à atividade, para o email do educador ambiental: andre.batista@saliasdosamouco.pt
O custo é de 5€ por pessoa.
Os horários das visitas são os seguintes:
Início: 09h00 de Outubro a Fevereiro (encerrado em Dezembro) e às 10h15 de Março a Setembro (encerrado em Agosto).
A duração é de aproximadamente de 3horas.
Caso opte por fazer a visita ao seu ritmo, ou fazer por exemplo o percurso mais comprido, uma vez que a visita é para o percurso médio de 4,700km de extensão, deixo-lhe algumas informações que vai precisar de saber para enquadrar a visita.
O complexo de Salinas do Samouco possui 56 salinas que remontam ao século XIII, distribuídas por 360 hectares. É um complexo único que combina uma biodiversidade imensa, e o património sociocultural, tendo sido durante anos o principal produtor de sal do país.
Atualmente, para além da produção de sal, as Salinas do Samouco são responsáveis por um projeto ecológico e ambiental de proteção e conservação de milhares de aves e outras espécies.
Devido à perda de importância da atividade, apenas a salina do canto se encontra ativa atualmente.
O processo de preparação da marinha para a produção de sal, começa na primavera. A água da chuva do inverno, é escoada para os esteiros, e a matéria orgânica que se deposita nos fundos é limpa pelos trabalhadores de forma manual, com um objeto chamado rodo. Com os solos limpos, a água é conduzida para as marinhas, e o sol e o vento vão ser os protagonistas para tornar a água salgada, através de processos de evaporação.
Desde o início do processo de transporte e condução de água, a concentração de sal por litro de água é de 15g/litro água. No fim do processo, ela atinge 250g/litro de água.
Quando o sal começa a cristalizar, os marmeteiros rapam o sal e empilham-no em pequenos peões (montes) com auxílio dos rodos.
À medida que os peões são criados, o sal exposto ao sol vai secando, e é posteriormente ensacado ou armazenado na serra para continuar o processo de secagem. Durante o momento da criação de serras de sal, este é coberto com junco, para o proteger de possíveis chuvas. No final do processo é armazenado na casa do sal.
Com condições meterológicas especiais, cria-se à superfície das salinas, cristais de sal. Estes cristais especiais não chegam a entrar em contacto com o fundo do cristalizador, e são chamados de flor de sal. Até há cerca de 20/30 anos atrás, a flor de sal não era utilizada, ela era rapada com o sal do fundo e não era aproveitada. Foi a alta culinária francesa que começou a utilizá-la como produto excepcional e gourmet, chegando atualmente aos hipermercados e à nossa mesa. Os cristais de flor de sal têm que ser retirados à mão uma a duas vezes por dia durante o tempo quente. Ao contrário do sal “normal”, este é mais solúvel, sendo ideal para temperar saladas e fritos.
O Sal marinho é o sal mais saudável para o ser humano, uma vez que este não passa por processos de industrialização, mantendo todas as suas propiedades naturais.
Em relação à coloração cor de rosa das salinas, esta deve-se a uma microalga, chamada Dunaiella Salina. Esta está mais presente devido à elevada concentração de sal, resultante da produção de sal entre a primavera e o verão, embora por vezes, de forma mais ténue possa surgir noutras alturas do ano.
O vídeo que deixo abaixo foi criado pelas próprias salinas, e para além de explicar alguns dos contéudos que aqui deixo acima, mostra imagens maravilhosas deste ambiente e processo.
A partir do minuto 9:50, existe uma explicação espectacular sobre a avi fauna desta região.
Para além das visitas de particulares, as Salinas do Samouco encontram-se disponíveis para receber escolas em visitas de estudo, e crianças em contexto de festas de aniversário. Com estes pequenos momentos, a educação ambiental entra em acção e incute nas camadas mais jovens a necessidade de conservação e preservação do nosso património natural e cultural.
Os percursos pedestres
Percurso (trilho) do Flamingo
Visitei pela primeira vez as Salinas do Samouco no passado dia 23 de Julho para comemorar o meu aniversário. Devido a um erro meu de interpretação, cheguei ao complexo pelas 15h50, o que me dava apenas uma hora para fazer o percurso mais longo. Era de todo impossível, por isso foi-me recomendado apenas fazer o percurso azul ou a voltar noutro dia. Escolhi fazer o percurso azul e fiquei estonteada. Nos primeiros metros, encontrei logo um grupo de Flamingos, que não contentes com a nossa presença voaram nos primeiros segundos. O espéctaculo deles a voar por cima de nós é imperdível.
Para nos orientar-nos é apenas seguir as placas, existem ao longo do percurso estacas de madeira com riscas coloridas, com as mesmas cores dos nomes do percurso. Neste caso, o percurso era o azul, e a placa é igual às que apresento abaixo.
O som dos pernilongas é encantador, é impossível não nos deixar-mos emergir pelas vocalizações daqueles animais fantásticos. Aquando da compra dos bilhetes, é-nos entregue o mapa do percurso que tem no verso uma checklist para indentificar-mos as aves com que nos cruzamos.
A meio do percurso de ida até à zona da extração do sal, é possível encontrar uma cabana de observação de aves (ponto G do mapa). É permitido em tempos de pandemia, entrar somente uma pessoa de cada vez, e o uso de máscara no interior é obrigatório. O lado da cabana virada para as salinas, tem um vidro que do lado de fora é espelhado. O ideal é entrar e aguardar que as aves se sintam à vontade para fazer o seu espectáculo.
Seguindo o percurso, chegamos às salinas em atividade (correspondem ao ponto 4 do mapa acima). Lá poderemos assistir a um fenómeno especial e único, salinas cor de rosa.
Neste local podemos ver ainda a Casa do Sal, onde se encontra armazenado o sal do ano anterior e uma pilha de sal.
Prosseguimos o nosso caminho e fazemos uma paragem rápida (porque o tempo é apertado para retornar à bilheteira), ao estábulos dos Burros. Lá encontrei a pequena Quitéria, nascida no início do mês de Julho de 2020 e a sua mãe.
Na volta, para encurtar caminho, fazêmo-lo pela linha do percurso amarelo, sempre junto ao seco do Bacalhau, que foi outrora um local de seca de bacalhau, pertencente à Riberalves. De momento são vários edifícios em ruínas.
Ao passarmos pelas ruínas, chegamos à entrada das salinas e damos por terminado o percurso.
Fiz o registo com o meu relógio do perfil altimétrico para reforçar a dificuldade muito fácil, pois o caminho é sempre plano.
Percurso (trilho) do Pernilongo
Uma vez que o plano era fazer este percurso no primeiro dia, tive que voltar 3 dias depois. Fi-lo desta vez sozinha e os meus planos saíram como esperado. Fiz pelo fresco, cheguei mesmo antes de abrir, e é sem dúvida a melhor altura. Ainda assim apanhei mais de 30ºC na zona final, mas valeu a pena.
O início do percurso é o mesmo, e tive a mesma sorte de ser presenteada com o voo dos fantásticos flamingos.
Após este momento, tinha tudo para ser um percurso perfeito. Neste percurso saímos completamente da zona central, e é nas salinas inativas que conseguimos encontrar uma maior diversidade de espécies de aves e mamíferos.
Cada metro que passamos vemos outros e novos animais. No percurso azul fiquei perplexa quando vi um coelho a atravessar-se no meu caminho. Neste percurso e dia vi mais de 50 à vontade. Saem da vegetação a todo o gás, assim que sentem a vibração de aproximação.
Consegui encontrar pelo caminho também alguns rastos que me pareceram de répteis, e dos burros do complexo, e de coelhos.
O percurso continua e passamos por pontes com comportas, outros animais, e mais uma vez vemos os flamingos em bandos gigantescos a passar por cima da nossa cabeça.
O caminho prossegue e conseguimos ir avistando cada vez mais aves diferentes, até que passamos quase debaixo ponte vasco da gama.
Seguimos agora em direção ao fundo das salinas em atividade, do lado mais perto do estuário do Tejo, onde podemos observar alguns trabalhadores a tirar a flor de sal à superfície pela manhã.
Fiz uma pequena paragem num dos observatórios de aves, para ver se conseguia fotografar uma garça real mais de perto, mas elas são muito assustadiças. Se tiverem aracnofobia não entrem nestes observatórios… eu não tenho, até simpatizo, mas havia lá um condomínio privado de aranhiços gigantes *Risos*.
Prosseguimos agora até à estação de anilhagem/oficina do ambiente, para ir fazer uma rápida visita à burrinha Quitéria.
É impossível ficar indiferente áquele focinho e orelhas grandes. Desta vez tive a sorte de ver outro burrinho que não tinha visto no primeiro dia. Os burros Mirandeses são uma raça Portuguesa e são uma espécie com estatuto de conservação – vulneravelmente ameaçada.
Após sair do estábulo, o trilho do Pernilongo (verde) diz-nos que devemos prosseguir de volta, mas eu queria voltar às salinas em atividade, e poder ver alguns trabalhadores a trabalhar.
Quando cheguei, um dos trabalhadores retirava gentilmente com uma pá/rede comprida a flor de sal à superfície.
Após ser retirada, passa para uns tabuleiros de plástico, posteriormente para uns carrinhos de mão e vai para uma rede de secagem para retirar todos os restos de água. Onde depois é posteriormente armazenado para venda. Este processo manual e cuidadoso, é o que torna a flor de sal mais cara para compra.
A coloração das salinas é incrível, parece até artificial (não é), é totalmente impossível ficarmos indiferentes àqueles tons naturais garridos. Perdi mais um bocadinho de tempo por ali, e ainda bem.
Após sair das salinas, retornei ao trilho e avistei mais algumas aves.
Tornei a fazer o caminho pela fábrica de seca do bacalhau pois queria fotografar mais uma vez o espaço. É uma pena aquele sítio estar assim ao abandono e à mercê de ocupações ilegais. Via perfeitamente ali um museu ou núcleo de interpretação do bacalhau, e da sua salga e secagem. Pode ser que um dia os donos do terreno pensem nisso. Eu seria claramente uma visitante do espaço. Apesar de vegetariana, o bacalhau foi praticamente o único peixe que comi durante mais de 22 anos, nunca gostei de outros. Tenho memórias olfativas com o cheiro do inúmeros pratos de bacalhau que o nosso povo cozinha. Quem sabe um dia.
À semelhança do primeiro dia, também registei o perfil altimétrico do terreno para verem como continua a ser totalmente plano.
Termina aqui este artigo sobre este local fantástico que merece mesmo a vossa visita. Num ano atípico em que começamos a beneficiar o que é nosso, fica aqui uma excelente sugestão de local a visitar, e que alia o desporto, o contato seguro com a natureza, a biodiversidade e o nosso património sociocultural.
Deixo um agradecimento especial ao educador ambiental André Batista, que simpaticamente me forneceu algumas informações que não constavam nos site das Salinas, para a produção deste artigo.
Irei lançar em breve um vídeo sobre este espaço, fiquem atentos, pois ficará publicado na aba dos travel vlogs aqui no blog.
Já me segues no pinterest? Guarda o meu contéudo para poderes tê-lo sempre à mão ou ler mais tarde!
6 thoughts on “O segredo mais bem guardado da margem do Tejo – As Salinas do Samouco”
Olá Marta! Thank you for this great article!
I was wondering, considering actual restrictions, if you have to wear the mask when walking on the trails? I came across some other outdoor activities where you have to wear it all along and of course it not possible to enjoy the place without breathing so I had to postponed. Let me know 🙂
Hi Claire 😀 thank you very much ! You dont need to wear mask on trails, just on the office to buy the ticket:)
Hi Claire ! thank you! You can make the trails without the mask. You only need to use it, on the ticket ofice 🙂 enjoy, it’s really amazing
Great news! Thank you very much for the time you spend responding 🙂
Great news! Thank you very much for the time you spend responding 🙂
You can always ask everything you want, I’m always available <3